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CERTIEL revela aumento dos problemas relacionados com segurança elétrica

08 de Novembro de 2012 às 11:12:26

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Notícias

Cerca de 93% dos acidentes com origem elétrica provocaram incêndios no primeiro semestre de 2012, revelam dados da CERTIEL – Associação Certificadora de Instalações Eléctricas.

Os dados baseiam-me num estudo que a instituição tem vindo a desenvolver sobre os acidentes com origem elétrica em Portugal, que revela ainda que dos 82 acidentes com origem elétrica registados de janeiro a junho de 2012 – mais 22,4% do que os registados no mesmo período do ano passado -, 39% resultaram em 11 mortos e 29 feridos, dos quais cinco apresentavam queimaduras graves, além de 79 desalojados.
O estudo resulta da análise do registo dos acidentes de origem elétrica noticiados na imprensa online durante o primeiro semestre de 2012 e, conforme explica Pedro Caroço, diretor técnico da CERTIEL, “pretende consciencializar a opinião pública para uma situação que existe e que não é suficientemente valorizada, mas que tem consequências humanas e materiais significativas”, acrescentando que se impõe “consciencializar as pessoas para a segurança elétrica”.

Resultados apurados por defeito

No estudo são apenas considerados os acidentes que foram noticiados na comunicação social online e que tiveram como causa um fenómeno relacionado diretamente com a utilização de eletricidade, como curto-circuito, sobrecarga da instalação elétrica, contactos diretos ou indiretos com a instalação elétrica, avaria de equipamentos e utilização incorreta dos aparelhos elétricos ligados à instalação elétrica (excluem-se os acidentes resultantes do furto de cobre e equipamentos das instalações elétricas).
A utilização deste método para elaborar a análise deve-se ao facto de não existir em Portugal nenhum registo dos acidentes relacionados com electricidade e implica que os resultados apurados representem a realidade por defeito, na medida em que muitos dos acidentes relacionados com eletricidade não são noticiados como tendo origem elétrica, quando essa origem ainda não foi apurada, o que acontece em grande parte das vezes. Por essa razão, a CERTIEL elaborou um relatório complementar que aplica este mesmo método aos incêndios de origem desconhecida em edifícios, para que se possa extrapolar os dados daí apurados, tendo em conta que, internacionalmente, se estima que destes incidentes cerca de 50% se possam também atribuir a problemas elétricos.

Mais ocorrências no Norte

Dos dados assim recolhidos no primeiro semestre de 2012, conclui-se que a região Norte continua a ser a que acumula um maior número de registos (36,6%), seguindo-se o Centro (20,7%), Lisboa e Vale do Tejo (19,5%), o Alentejo (11%), e o Algarve e as duas Regiões Autónomas (12,2% no total), facto a que não será alheia a distribuição das habitações e respetivas instalações elétricas.
Os primeiros meses do ano foram os que registaram maior incidência de acidentes com origem elétrica. Em janeiro foram registados 18, em fevereiro 20, 17 em março e também em abril, dois em maio e oito em junho. O acidente elétrico mais reportado é o curto-circuito (75,6%) e o tipo de local com maior número de acidentes é o parque habitacional (apartamentos e moradias), com 67% do total das ocorrências.
Dos 82 acidentes com origem elétrica detetados, 76 deram origem a incêndios, sendo que destes 28,9% destruíram totalmente a habitação e 34,2% destruíram-na parcialmente. Dos incêndios registados, 25 reportam-se a não habitação (instalações agrícolas, estabelecimentos recebendo público, indústria, escolas, hospitais, etc.).

Quase 200 incêndios de origem desconhecida

Paralelamente ao estudo dos acidentes com origem elétrica durante o primeiro semestre de 2012, a CERTIEL efetuou ainda o registo de todos os incêndios de origem desconhecida em edifícios noticiados nos meios de comunicação online. Foram detetados 191 incêndios, maioritariamente em habitações, que provocaram 11 óbitos, 64 feridos e 110 desalojados.
À semelhança do que se passa com a análise aos acidentes com origem elétrica, também os acidentes com origem desconhecida em edifícios têm maior incidência na região Norte (36,1%), seguindo-se o Centro (29,3%), Lisboa e Vale do Tejo (18,8%), as duas Regiões Autónomas (6,3%), o Alentejo (5,2%), e o Algarve (4,2%). Relativamente à distribuição dos incêndios no tempo, janeiro contou com 36 ocorrências, fevereiro 33, março 39, abril 32, maio 23 e junho 28. Os incêndios em habitação são a larga maioria, representando cerca de 60% das ocorrências.
Nas notícias relacionadas com incêndios em edifícios constata-se, na grande maioria das vezes, que a hora do alerta é fornecida, pelo que podemos observar a seguinte distribuição: alerta dado de tarde, 28%, alerta dado de madrugada, 25%, alerta dado de noite, 23%, alerta dado de manhã, 10%, sendo que em 14% dos casos este dado não foi facultado.
Em 72 dos incêndios de causa desconhecida em edifícios verificou-se a destruição total do edifício, sendo que em alguns casos foram ainda noticiados danos em edifícios vizinhos. Há a registar 11 óbitos, 64 feridos, dos quais seis apresentavam queimaduras graves, e 110 desalojados. Acresce um número indeterminado de perda de postos de trabalho e morte de animais, quando se trata de edifícios agrícolas.
Pedro Caroço destaca que, “tendo em conta que as estatísticas internacionais apontam para que 50% dos incêndios em edifícios tenham origem elétrica, poderemos extrapolar estes dados com base nessa percentagem e dizer que cerca de 100 destes incêndios de origem desconhecida teriam na sua causa, provavelmente, problemas elétricos. Juntando este dado ao que temos como certo da análise aos acidentes com origem elétrica, que detetou 76 incêndios em edificado, alcançamos um número muito preocupante de danos materiais e pessoais todos os anos».

«Segurança elétrica não é um conceito enraizado em Portugal»

Pedro Caroço explica a causa do elevado número de acidentes elétricos em Portugal em 2011 (nesse ano a CERTIEL registou 123 acidentes relacionados com origem elétrica, que resultaram em 103 incêndios, 20 mortos, 47 feridos e 138 desalojados) e 2012 com a não obrigação de fiscalização após a entrada em funcionamento da instalação elétrica e com o facto de «o conceito de segurança elétrica não estar bem enraizado no nosso País ou ser mesmo descurado (...). Impõe-se, por isso alertar, e é isso que a CERTIEL pretende com este estudo».
Uma análise recente do Conselho para a Segurança Elétrica (Reino Unido) detetou que os arrendatários estão mais expostos a acidentes elétricos potencialmente letais e a incêndios em casa devido aos desentendimentos entre senhorios e arrendatários relativamente às respetivas responsabilidades e adverte para a falta – à semelhança do que acontece em Portugal – de uma obrigação legal de realização de verificações regulares à segurança elétrica das habitações, que agrava esta situação.
Relativamente à não obrigação de fiscalização em Portugal, o diretor técnico da Certiel esclarece que «o que pode acontecer (e acontece efetivamente a maioria das vezes) é que uma instalação elétrica funciona durante 20, 30, 40 anos ou mais sem qualquer tipo de intervenção, sendo que, com os anos e com o uso, esta se vai degradando, representando um risco real para os seus utilizadores». «Este é um cenário preocupante mas também revelador da realidade das instalações elétricas no país, uma vez que se estima existirem em Portugal cerca de 3,9 milhões de habitações cujas instalações elétricas são antigas e que, previsivelmente, estão degradadas».
A este facto acresce a desadequação das instalações elétricas mais antigas às exigências de conforto atuais: «Na altura da sua construção não foram previstos os elevados consumos de energia atuais, associados à utilização de diferentes eletrodomésticos como forno, arca frigorífica, aparelhos de climatização, máquinas de lavar e secar, etc., que exigem muito da instalação elétrica, pelo que se ela não for concebida de forma adequada, poderá ser insegura e ineficiente». E, conclui, «a inovação exige-nos instalações elétricas capazes e de qualidade».
Para alertar para estas questões, a CERTIEL tem em marcha uma campanha de sensibilização para alertar para a questão da segurança e da eficiência elétricas com o mote “Usar bem a energia é um dever de cidadania”, que pretende alertar para a importância da segurança e da eficiência energética nas instalações elétricas das habitações portuguesas. O website da iniciativa (http://www.certiel.pt/usarbemaenergia/) disponibiliza toda a informação sobre a segurança e eficiência elétricas, e um filme que apresenta, de uma forma prática, alguns exemplos de mau uso da energia e situações de insegurança.

 

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